firewall .~*

e, no fim das contas, sou eu contra mim mesma. ou à favor, talvez. depende do meu estado de espírito. confesso que hoje ele não está dos melhores, não mais.

me acostumei ao som da sua voz; ao seu olhar, sempre tão inquisidor. me pergunto o que de fato queria decifrar em mim.

imaginei, pensei, sonhei. cheguei a um certo momento até a acreditar. tola! não tardou e a realidade veio á tona, forte e agonizante, como uma espada lentamente a atravessar a pele nua.

volto-me então ao meu lugar de origem. meu mundo particular onde somente atravessam o portal aqueles cujos princípios e objetivos são equivalentes aos meus.

sentirei saudades? sim. mas de que? também não sei ao certo. talvez devêssemos sim ter-nos dado uma chance, ao menos para que se definisse realmente o que é que sentimos um pelo outro, para enfim sabermos se realmente sentimos alguma coisa. ou talvez tenha sido melhor assim. de agora em diante fingiremos que nada aconteceu, o que de fato não é uma mentira completa. fingiremos não nos importar um com outro, "seremos apenas amigos". balela! amigos também se importam. amigos são os únicos que se importam!

muitas coisas ficaram no ar. quando isso começou? por que causamos isso a nós mesmos? com que sentido? quem vai tirar de mim essa onda de pavor que agora me preenche por completo? sem saber o que será do amanhã. sem saber se voltaremos a sorrir como antes. quem vai me abraçar quando num dia frio de inverno eu me sentir insegura? 

não sei responder nenhuma dessas perguntas. essas e muitas outras. mais uma vez me fecho. me recolho ao meu mundo. por pouco ultrapassei a faixa de segurança. as perguntas serão arquivadas em algum lugar dentro de mim para que talvez um dia você possa respondê-las. estou novamente só. eu contra mim mesma. nada a meu favor.