diálogo .~*




- sabe, às vezes eu fico pensando aqui. você lembra quando eu perguntei o que você sentia em relação a mim? - disse ele, e meu coração disparou já adivinhando o que viria a seguir - eu só queria saber se você sentia o mesmo que eu estou sentindo. por várias vezes, antes de desligar, depois que você me disse 'tchau' eu quis dizer que eu te amo, porque eu estou cada vez mais certo de que é isso o que eu sinto em relação a você. ontem eu cheguei até a dizer, mas acho que você não ouviu.

- eu não ouvi mesmo. mas agora você vai ter que dizer de novo, porque eu quero ouvir. - disse sorrindo e, por um momento, deixei de pensar em todas os nossos impedimentos. aquele instante era nosso, somente os dois, nada e ninguém entre a gente.

- eu te amo! 

fiquei sem reação. não sorri, não chorei, não disse nada. eu não imaginei que ele fosse dizer essas palavras. eu sabia que era verdade, eu li os sinais, era o que eu também sentia. mas em momento algum pensei que ele fosse admitir. 

- você ainda tá aí? - ele perguntou.

- estou, desculpe. é que... você tem o dom de me deixar sem palavras.

- ouvir um 'eu também te amo' seria melhor que isso, mas não há nada do que você diga que eu não goste de ouvir.

- eu não te amo. não ainda, mas estou quase lá. e esse é mais um motivo pra gente cumprir com o combinado - era possível ouvir meus batimentos cardíacos do outro lado da linha, tenho certeza disso, mas ele fingiu não notar o nervosismo presente na minha voz.

- qual combinado? não sei do que você está falando. - o tom divertido com que disse essa frase me fez me encantar ainda mais. tudo nele me encanta. tudo nele é apaixonante!

- você também sofre de amnésia seletiva? - sorri - pensei que só eu usava essa desculpa.

- eu só penso em você. o tempo todo, todos os dias. não sei o que você fez ou o que tem, mas você entrou em mim de uma forma que eu não sei explicar e eu não consigo mais te tirar daqui. é mais forte que eu. por mais que eu saiba que o que eu faço não é correto, por mais que eu saiba que é arriscado, que eu não estou sendo honesto com ela, não é com ela com quem eu me preocupo, é com você. quero saber se você está bem, se dormiu bem, se comeu, o que comeu, se também está com saudades, se vou te ver hoje de novo ou se vou ter que me contentar apenas em ouvir sua voz pelo telefone enquanto te ligo às escondidas. 

- deixa eu te fazer uma pergunta. você está falando de você ou de mim? - perguntei, porque parecia que era eu quem estava dizendo aquelas palavras. tudo o que ele disse parecia ter saído de dentro de mim. era eu quem estava sentindo tudo aquilo. 

- eu falo de mim, do que eu sinto. por que?

- porque tudo o que você disse é o que eu venho pensando. são as palavras que eu quero te dizer, mas que fogem de mim toda vez que eu te vejo. é como se a inspiração se transformasse em outra coisa quando a  gente se vê. o que antes, quando comigo mesma, eu conseguia fantasiar, imaginar, quando perto de você tudo vira desejo. uma vontade lancinante de te abraçar e não dizer nada. apenas te abraçar, sentir seus braços em torno de mim. e ficar assim pra sempre.

- é exatamente isso o que eu sinto quando te vejo, quando ouço sua voz ou mesmo quando estou só. você me vem à mente e tudo o que eu desejo é estar perto de você. eu não sei explicar, é como você disse, as palavras fogem. a única coisa que permanece é desejo. - disse ele, e eu neste momento já estava em prantos, não conseguia me controlar. as palavras simplesmente saíam.

- sinto sua falta. mesmo sabendo que você não pode ficar me ligando e tal, eu sinto falta. eu fico esperando todos os dias que você me ligue. confiro a todo instante se chegou alguma nova mensagem ou se eu perdi alguma de suas ligações. e me dói quando vejo que nada aconteceu, que você não ligou e nem se preocupou em mandar uma mensagem. faz parecer que você não se importa, fica contraditório ao que você disse agora a pouco. e, quando eu ouço o celular tocar, algo indescritível acontece em mim. não somente o aparelho vibra, todo o meu corpo estremece e se acende.

- se fosse por mim eu te ligaria a todo instante. melhor, se fosse tão simples, se gente pudesse viver com base somente no que eu desejo eu estaria aí do seu lado agora. e não sairia daí nunca mais. - ele insistiu.

- é difícil. eu fico sem ter o que te dizer. - eu realmente não sabia o que falar diante daquela situação. não devíamos continuar da forma que estávamos, mas era incontrolável. quando percebíamos já estávamos trocando declarações e fazendo planos que, sabíamos, não tinham fundamento ou futuro.

- espera só um minuto. aqui, ela chegou. vou ter que desligar. beijos. muitos beijos. tchau.

- ok. beijo. - e, mais uma vez me senti tentada a terminar tudo. era sempre assim, o fato de saber que era ela quem o tinha de verdade me fazia mal. e, quando ele me lembrava disso, de forma natural, me doía ainda mais por dentro.

- te a.. - tentei dizer. mas a ligação caiu.

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fragmento aleatório escrito há alguns anos e guardado em rascunho. estava esperando a inspiração voltar para dar continuidade. porém, ao relê-lo, percebi que gosto dele assim, inacabado, como um amor proibido. 


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